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  • Rafael Junges

Uma Breve História da Mecanização Agrícola


Até o Século XVIII, a agricultura utilizava ferramentas rudimentares, fabricadas de forma artesanal em madeira e ferro. No entanto, com o crescimento da população urbana e o aumento da necessidade de alimentos, surgiu a demanda por maior aproveitamento da produção agrícola. Na modernização das lavouras, destaca-se a aplicação da mecanização nos processos produtivos, motivado pelo cultivo de grandes áreas e escassez de mão de obra.


Para garantir uma maior produtividade, pouco a pouco foi sendo feita a substituição da mão de obra humana por outras alternativas. Primeiramente foi substituída pela força animal, em seguida pelas forças motorizadas a vapor e posteriormente pela força de motores de combustão interna.


Então pode-se dizer que mecanização agrícola é o uso de um conjunto de máquinas e equipamentos, em substituição à mão de obra humana, capazes de realizar as atividades agrícolas. Ela está presente em praticamente todos os processos envolvidos na agricultura, como no preparo inicial do solo, adubação, plantio, aplicação de defensivos e colheita.


Neste artigo você vai ver:

  • O Início da Mecanização Agrícola

  • Os Primeiros Equipamentos com Propulsão Própria

  • Os Equipamentos como Conhecemos Hoje

  • Os Dias Atuais


O Início da Mecanização Agrícola


O setor de máquinas agrícolas teve mudanças relevantes que marcaram seu avanço tecnológico e mudaram a maneira com que os produtores rurais realizam suas atividades. Cada vez mais o agricultor está dependente destas máquinas e equipamentos, visto que a principal vantagem da mecanização é o aumento de produtividade - um objetivo primordial desde a sedentarização da humanidade.


O procedimento de colheita era um gargalo na produção de trigo, o processo era totalmente feito de forma manual, necessitando do trabalho de muitas pessoas para colher pequenas áreas. Na procura por maior produtividade, em 1780 foram inventadas as primeiras máquinas de colheita de grãos, simultaneamente nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha.


"Os Colhedores" (1565) - Pieter Bruegel. Foto: Everett - Art / Shutterstock.com

Figura 1: "Os Colhedores" (1565) pintura de Pieter Bruegel, retrata como era a colheita de trigo em uma época que se usava essencialmente a mão de obra humana (fonte: InfoEscola).


A cultura do algodão, originária da África e do Oriente Médio, sofreu grande influência da mecanização. Em 1796, um norte americano chamado Eli Whitney desenvolveu a máquina de descaroçar algodão, que foi um grande marco na época, contribuindo para o desenvolvimento desta cultura nos Estados Unidos.


"O Cotton-Gin, uma máquina que processa algodão." E. Benjamin Andrews, 1895

Figura 2: "O Cotton-Gin", uma máquina que processa algodão desenvolvida por E. Benjamin Andrews em 1895 (fonte: ClipArt ETC).


Devido à dificuldade de trabalhar o solo nas regiões de pradaria dos Estados Unidos com os equipamentos primitivos da época, em 1837 John Deere desenvolveu um arado feito de aço forjado liso, extremamente mais resistente ao desgaste do que os materiais utilizados na confecção dos equipamentos da época.


“O arado de aço.”  Foto: Divulgação/John Deere

Figura 3: “O arado de aço”, imagem de divulgação da John Deere onde mostra um vagão de trem carregado com arados (fonte: John Deere).




Os Primeiros Equipamentos de Propulsão Própria


Os norte-americanos foram pioneiros no uso de colheitadeiras a vapor. Os primeiros equipamentos, por volta de 1850, colhiam cerca de 12 hectares de trigo em um dia e faziam o necessário, inclusive o ensacamento do grão. Trinta anos depois se deu início à produção em escala comercial de colhedoras.


Um dos pontos mais importantes da mecanização ocorreu em 1892 nos Estados Unidos, quando Froelich criou o primeiro trator movido a combustão interna. Seu equipamento também poderia ser usado para alimentar uma máquina debulhadora, conseguindo processar cerca de 72.000 sacas de grãos em 52 dias.


Figura 4: "Waterloo Boy", o primeiro modelo de trator lançado pela John Deere (fonte: John Deere).


Em 1913, iniciou-se a produção de tratores em série, atividade que até então era realizada de maneira totalmente artesanal. Pouco tempo depois, em 1925, a Ford representava 70% do mercado de tratores, aplicando à linha de produção de tratores os mesmos princípios utilizados na produção de automóveis - simplicidade de projeto, baixo custo e facilidade de manutenção.


Figura 5: Final da linha de montagem dos tratores Fordson em 1919, mostrando um mecânico fazendo teste de arranque (Fonte: The old Motors).


Em 1920, era iniciado o uso de agroquímicos nas plantações. Nesta época, conhecia-se pouco sobre os efeitos nocivos desses agentes. Na Primeira Guerra Mundial foram usados como armas químicas, e também na guerra do Vietnã com o caso do agente laranja. Com a Revolução Verde iniciada na década de 50 houve a popularização dos agrodefensivos, e assim surgiu a necessidade de equipamentos para aplicá-los em grandes áreas.


Até a década de 30, os tratores usavam rodas de aço com agarradeiras, então o próximo grande salto desta indústria foi a introdução de pneus de borracha. Em 1931, a empresa Continental começou a desenvolver pneumáticos para esse fim e em 1938 equipamentos com esta tecnologia já eram disponibilizados no mercado. Isso garantiu ao trator mais equilíbrio e estabilidade, também propiciando mais conforto para o tratorista principalmente na circulação por estradas pavimentadas.


Em 1926 Ferguson patenteou na Inglaterra o controle hidráulico de “três pontos”, melhorando o desempenho do conjunto trator-implemento e proporcionando ao conjunto maior facilidade de realizar manobras. Este sistema também reage à carga puxada, pois transfere para o trator a resistência que o implemento sofre em contato com o solo. Quase 10 anos depois, Ferguson desenvolveu um sistema que proporcionou que a bomba hidráulica continuasse funcionando mesmo com o trator parado, permitindo que os implementos fossem acionados nessa situação.


Figura 6: "Henry Ford, Herry Ferguson e o sistema "três pontos" equipando um trator do modelo 9N (fonte: BBC).




Os Equipamentos como Conhecemos Hoje


As máquinas agrícolas modernas são marcadas por alto desempenho e elevado grau de automação através da incorporação de novas tecnologias, tornando a agricultura mais racional e produtiva. Alguns fatores do final do Século XX definiram a realidade da mecanização agrícola que conhecemos hoje.


- Rearranjo do mercado: Nas décadas de 80 e 90 houve um grande rearranjo de mercado de maquinas agrícolas, marcado por operações de aquisições e fusões entre as empresas, fazendo a competição sair da esfera nacional e se tornar uma disputa mundial.


- Design que todos conhecemos: Na década de 90 a indústria de máquinas agrícolas já apresentava um padrão definido de design, fato que teria iniciado na convergência do conceito dos tratores a partir da década de 50, com apresentação do design do trator Ferguson. Com o passar do tempo, somente foram sendo adaptadas às diversas condições de solo e clima, assim como o aumento de sua capacidade produtiva, fortemente influenciada pela automatização dos equipamentos.

Figura 7: Padrão de design representado pelo marca Ferguson 1954 (esquerda) e pelo Case modelo 50A de 2015 (direita) (fonte: Agri Expo).

- Automação: A partir da década de 80 teve início a fase de automação dos equipamentos, quando surgiram as primeiras tentativas de medir o fluxo de colheita em colhedoras de cereais no final da década, e pouco tempo depois, em 1991, surgiu o primeiro monitor de colheita. Nessa época, a indústria de máquinas agrícolas também começou a dar importância para o bem-estar dos operadores, pois as raras cabines começaram a serem popularizadas, garantindo conforto e proteção. Já os comandos que antigamente eram feitos manualmente foram automatizados com sistemas elétricos e hidráulicos. A partir dos anos 2000, a evolução do sistema de navegação global por satélite possibilitou o surgimento do piloto automático, permitindo maior precisão do trabalho e gerando economia de combustível e insumos.


Figura 8: Operador monitorando o sistema de piloto automático da máquina. Nesse caso o direcionamento é feito de forma automática por um sistema computadorizado, estando o operador responsável por apenas algumas manobras mais complexas (fonte: John Deere).



Os Dias Atuais


Atualmente a agricultura entrou em uma nova fase, marcada pelo monitoramento das operações, redução de desperdícios e uso de computadores mais avançados e integráveis, além disso está havendo um grande aumento na obtenção e manipulação de dados de telemetria coletados pelas máquinas. Isto só se tornou possível através do melhoramento da eletrônica e sua inserção mais intensa nas atividades agronômicas.


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